E como lembrava ainda o "El País", a sua entrevista à Rolling Stone (que fez capa com o músico) também deu que falar: Dylan disse que nos últimos 20 anos ninguém tinha editado um disco "decente". "Todos gostamos de discos que tocam em leitores de CD, mas sejamos francos, esse tempo já passou. Fazemos o melhor que podemos, lutamos contra essa tecnologia de todas as maneiras, mas não conheço ninguém que tenha feito um disco com som decente nos últimos 20 anos. (...) Até estas canções [de Modern Times] provavelmente soaram dez vezes melhor no estúdio quando as gravámos." E terminou falando sobre os downloads de música ilegais: "Porque não? Não valem nada, de qualquer forma..."
Modern Times, um título que alguns têm dito que é irónico ("as particularidades do presente significam cada vez menos para o escritor de canções que mudou radicalmente e definitivamente a música pop nos anos 60", escreve o The New York Times), é o último de uma trilogia que começou com Time Out of Mind (1997) e continou com Love and Theft, editado a 11 de Setembro de 2001.
Na entrevista à Rolling Stone, Bob Dylan explicava ainda por que é que fala de Alicia Keys numa das canções, Thunder on the mountain: "Lembro-me de a ver nos Grammys. Acho que estava na cerimónia com ela, não a conheci ou coisa parecida. Mas disse a mim próprio: "Não há nada nesta rapariga de que eu não goste"".
Produzido pelo próprio com o pseudónimo de Jack Frost, Modern Times é o seu 44.º álbum. O disco tem dez canções, escritas segundo o próprio, "em transe, num estado hipnótico".
Modern Times surge numa altura em que se fala do renascimento da carreira de Bob Dylan. Recebeu dois Grammys pelos dois últimos álbuns, um Óscar pela melhor canção (Things have changed) do filme Wonder Boys, viu no ano passado ser estreado um documentário para televisão que lhe foi dedicado, No Direction Home: Bob Dylan, de Martin Scorsese, e teve a publicação do seu livro de memórias, Crónicas: Volume I (Verbo) - Dylan por ele próprio. Como dizia ao PÚBLICO Michael Gray, autor de um compêndio sobre Dylan (The Song & Dance Man), há uma razão pela qual se pode afirmar que o filme de Scorsese está a fazer história: "O que o filme de Scorsese fez, ao passar na televisão mainstream, foi oficializar Dylan como uma das estrelas do século XX, como Marlon Brando, James Dean ou Marilyn Monroe. (...) Scorsese tornou oficial que Dylan é um herói americano".
Além disso, há I"m not there?, o projecto de Todd Haynes sobre Bob Dylan em que sete actores (homens e mulheres) vão fazer de Bob Dylan. E desde Maio que Dylan tem um programa na rádio, Theme Time Radio Hour, difundido na XM Radio, uma estação radiofónica por satélite, acessível através de assinatura e no qual iria passar o novo álbum.
Fonte: Público
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