quinta-feira, agosto 31, 2006

OITO MESES DE UM CASO

JANEIRO
Dia 12 A Liga e a Federação Portuguesa de Futebol recusam a inscrição do internacional angolano Mateus por parte do Gil Vicente.
19 A Liga é notificada pelo Tribunal Administrativo de Braga de que existe um recurso do caso para aquele tribunal. Este, contudo, declara-se incompetente para julgar o caso, por entender que se trata de um caso meramente desportivo.
27 O jogador coloca uma providência cautelar no Tribunal Administrativo do Porto e consegue a sua inscrição.
31 O director executivo da Liga, Cunha Leal, aceita o registo provisório do futebolista angolano.
MAIO
9 Pela primeira vez, já terminado o campeonato, surge na Liga uma queixa contra o facto de o Gil Vicente ter recorrido para os tribunais comuns. A participação partiu do Belenenses. Antes, Académica e Setúbal também tinham feito participações, mas apenas tendo por base a utilização irregular de Mateus.
JUNHO
1 A comissão disciplinar da Liga analisa o caso e aparentemente é dada razão ao Belenenses. Nesse encontro, o conselheiro Domingos Lopes pede dispensa por considerar que existia "colisão de ordem familiar e pessoal", uma vez que era filho de um dirigente do Gil Vicente.
9 Nova reunião. Domingos Lopes repensa e diz que afinal vai votar. Gomes da Silva, presidente da CD, supostamente altera o seu sentido de voto e a decisão fica empatada a dois votos. Gomes da Silva invoca então o seu voto de qualidade e ganha o Gil Vicente. Os conselheiros Pedro Mourão e Frederico Cebola, vencidos, tecem fortes acusações aos colegas.
16 Pedro Mourão apresenta a demissão de conselheiro da comissão disciplinar.
19 O Belenenses apresenta recurso desta decisão no conselho de justiça da FPF.
20 Frederico Cebola também apresenta a sua demissão.
30 O presidente da assembleia geral da Liga, Adriano Afonso, não aceita as demissões.
JULHO
6 O recurso do Belenenses é aceite pelo conselho de justiça, que remete o processo novamente para a CD.
18 O Gil Vicente apresenta um incidente de suspeição contra Mourão e Cebola.
20 Gomes da Silva demite-se em vésperas de a comissão disciplinar se reunir para analisar novamente o processo.
21 Domingos Lopes também se demite, o que deixa a comissão disciplinar sem quórum. Adriano Afonso nomeia um novo conselheiro, José Fonseca da Silva, entregando a presidência da comissão disciplinar a Pedro Mourão.
AGOSTO
1 Na reunião seguinte, Pedro Mourão, Frederico Cebola e José Fonseca da Silva reconhecem razão ao Belenenses. O Gil Vicente baixa de escalão.
7 O clube de Barcelos recorre desta decisão para o conselho de justiça da Federação Portuguesa de Futebol.
22 O conselho de justiça mantém o acórdão da comissão disciplinar. O Gil Vicente é despromovido. A Liga nessa mesma data coloca o Gil Vicente na Liga de Honra e o Belenenses na Liga.
23 O Gil Vicente coloca uma providência cautelar no Tribunal Administrativo de Lisboa para anular a decisão do conselho de justiça.
25 O Tribunal Administrativo de Lisboa aceita a providência cautelar. A comissão executiva toma conta do despacho e recoloca o Gil Vicente na Liga e o Belenenses na Liga de Honra. O Leixões apresenta também um recurso no sentido de ser promovido à Liga no caso de despromoção do Gil Vicente e o conselho de justiça suspende os jogos da primeira jornada em que participavam Benfica, Belenenses, Gil Vicente e Leixões. No mesmo dia, a FIFA notifica a FPF para agir disciplinarmente contra o Gil Vicente. A FPF, por seu lado, notifica a Liga no sentido de instaurar mais um processo disciplinar aos gilistas.
29 A FPF informa a Liga que os serviços jurídicos da federativos contactaram em meados de Janeiro o director executivo da Liga, Cunha Leal, no sentido de proceder à abertura do competente procedimento disciplinar ao Gil Vicente. Diligência da qual não obtiveram resposta.
29 A comissão executiva participa do Gil Vicente às instâncias desportivas pelo facto de o clube ter recorrido novamente para os tribunais judiciais. Ao mesmo tempo, mandou instaurar um processo de averiguações a fim de apurar responsabilidades relativas à tramitação administrativa, jurídica e disciplinar do caso Mateus.

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