quarta-feira, agosto 23, 2006

O HOMEM

Um animal tão perdido na contemplação voluptuosa daquilo que pensa que é, que se esquece de reflectir sobre aquilo que deveria ser. A sua actividade principal é o exterminio dos outros animais e da sua própria espécie, que, no entanto, se multiplica com tal rapidez que já infesta todo o mundo habitável e o PORTO.
Quando o mundo era jovem e o homem surgiu,
E tudo era ainda agradável e novo,
A Natureza nunca distinguiu
Reis ou Padres ou Povo.
Já não é assim actualmente,
Excepto nesta República, na qual
Temos esse regime de antigamente,
Em que todos somos reis por igual,
Mesmo que nus, a bater o dente,
Com fome, mas todos com o direito
De votar num tirano que nem por nós foi eleito.
Um cidadão que não queria votar,
Sendo por todos detestado,
Foi levado, um dia, a passear,
Com alcatrão e penas disfarçado,
O que, para os patriotas, foi um agrado.
"O teu dever", gritava toda a gente,
"É ires votar com honestidade
Em quem queres votar". Humildemente,
Ele explicou a sua verdade:
"Teria feito isso, a certeza vos dou,
Mas, caros patriotas, ele nunca se candidatou"
Apperton Duke

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