sexta-feira, novembro 23, 2007

Por qué no se calla Hugo Chávez

A Venezuela é criadora de uma nova esquerda latino-americana definida por Bolivarianismo. O Bolivarianismo venezuelano conjuga uma ideologia de esquerda, o nacionalismo e o regionalismo contra a hegemonia dos EUA. O populismo Venezuelano, destaca-se nas relações latino-americanas e no sistema internacional, sobretudo por duas razões: A nível económico – factor petróleo, pertencendo à OPEP; Ao nível Político – após a ascensão de Hugo Chávez – a presidência, semelhante à de Perón, com uma política populista, nacionalista e à semelhança de Fidel Castro, equitativa dos rendimentos do petróleo e, segundo os críticos, agrega ainda, o terrorismo e o crime organizado e o autoritarismo.
Em suma, esta nova filosofia política nacional da Venezuela conhecida por Bolivarianismo, é caracterizada por defender uma autonomia nacional sendo esta uma das razões porque Chávez e a Venezuela se desvinculam do direito internacional, optando por em 2007 sair do FMI e do Banco Mundial; por uma maior participação do povo, mediante eleições e referendos tentando aproximar-se do modelo de democracia directa; procura uma ética de serviço publico sendo o serviço publico sempre justificado pelo interesse do seu destinatário - o povo, justificando-se por exemplo, assim o encerramento da televisão privada; a distribuição justa dos rendimentos do petróleo levando a uma renegociação dos royalties, dos direitos de concessão de exploração do petróleo venezuelano e por último uma luta contra a corrupção.
A importância de Chávez, advém não só do peso da sua decisão na OPEP, como também do peso da sua economia enquanto parceira dos restantes Estados latino-americanos, mas sobretudo, pela sua direcção política que adoptou contra os EUA, contagiando os restantes Estados, nomeadamente o Brasil e a Bolívia. Chávez irá contar com a oposição norte-americana, com a oposição interna das elites, quer dos conservadores católicos, quer com a oposição das associações sindicais e patronais, quer com a oposição da elite ligada ao petróleo e a função pública, mas ao apoiar-se na população de descendência indígena que vive no limiar da miséria consegue uma significante massa de apoio mas torna-se um dos líderes mais controversos da América Latina.
Chávez associou-se à guerrilha denominada de MBR (Movimento Bolivariano Revolucionário), instalada junto à fronteira com a Colômbia. Ainda hoje é acusado de colaboracionista com a guerrilha/ máfia da droga da Colômbia. A primeira vez que Chávez aparece na cena política venezuelana foi quando participa no golpe de Estado fracassado, contra o então Presidente venezuelano, Carlos Pérez, sendo preso e posteriormente libertado, 2 anos depois em 1994, quando funda o partido/ movimento “V República”. Este partido irá iniciar uma oposição aos 2 partidos que governavam a Venezuela e que são o COPEI, de pendor democrata-cristão, e a Acção Democrática, mais liberal.
Chávez ganha as eleições presidenciais de 1998, é assim, eleito democraticamente com a maioria dos votos. A partir de 1998 procede a uma verdadeira revolução política, económica, social, segundo os críticos, transformando-se num ditador corrupto ao nacionalizar os factores produtivos da nação, por exemplo, pede ao parlamento poderes especiais quase ilimitados para governar, dissolve o Congresso, declara o Estado de emergência, altera e reestrutura o sistema venezuelano e promove a criação de uma nova Constituição, transformando a Venezuela na República Bolivariana da Venezuela, confirma definitiva a democracia como modelo político e económico e proíbe qualquer tentativa de privatização dos recursos petrolíferos.
Por força de uma nova Constituição realizam-se novas eleições legislativas e presidenciais, confirmando-se novamente a vitória de Chávez. Reforça-se a reestruturação económica, nomeadamente, reorganiza as centrais sindicais, procede à reestruturação de algumas empresas, aumentando assim, a oposição interna e externa a Chávez, nomeadamente, da elite estrangeira, que tem agora meios interlocutores na Venezuela, a elite interna “renovada” dos principais cargos políticos e os imigrantes, sobretudo europeus, que se sentem perseguidos.
Paralelamente à crise económica internacional, a crise economia interna e a oposição interna precipitaram uma greve geral, exigindo a renúncia de Chávez. Essa greve torna-se importante porque se prolonga no tempo, levando à prisão de Chávez em 2002, sendo anunciado nos media que ele se tinha demitido. Um contra-golpe popular permite a libertação de Chávez e o seu retorno ao poder. A evolução política da Venezuela, é condicionada numa primeira fase pela crise norte-americana dos atentados do 11 de Setembro e pelos compromissos assumidos pelos, EUA na OEA (Organização dos Estados Americanos) e na cena internacional do apoio às democracias.

Por último, Hugo Chávez na sua Política Externa tem promovido uma aproximação aos países do Médio Oriente e claro continua o combate contra a unipolaridade unilateral do sistema Internacional protagonizado pelos Norte Americanos, mas que, pode agora ser estendida aos paises ocidentais (Europa) consequência da frase impulsiva de Juan Carlos "por qué no te callas".

4 comentários:

angelofpromise disse...

Consequência, também, da falta de educação que advém desse dito ditador, que tem problemas graves de audição e educação. Faz-me pensar que tanta crítica ao Bush não vem das suas diferenças mas do facto de serem iguais, com uma única diferença entre eles, o peso das nações que governam. Talvez seja exactamente essa, a ferida de Chávez.

Nuno Coelho disse...

Ao que consta vamos ter um novo Fidel! Escondido no seu cantinho, neste caso a Venezuela, mas com um pouco mais de poder... pelo menos enquanto houver petróleo... depois do ouro negro acabar, vai "piar baixinho"...
As únicas coisas positivas que trouxe, foi a "chacota" ao "ditador" Bush!

Joel Azevedo disse...

Certamente, Hugo Chávez apesar de viver numa democracia mais directa do que a Portuguesa, apesar de haver mais participação democrática no seu pais do que no nosso, não é um exemplo de como se deve governar, mas é um dos poucos países e neste caso um dos poucos governantes democráticos que faz frente a unipolaridade americana. Podemos dizer que o Chávez é um ditador de um estado democrático, mas o Bush é o ditador do Sistema Internacional. E não pensem como todo o mundo ocidental desenvolvido, ou melhor todos os Governos dos países desenvolvidos pensam, que o sistema democrático capitalista ocidental é o melhor dos sistemas políticos, porque quanto a mim isso é discutível.

Por isso devemos respeitar tanto o sistema que estamos inseridos como todos os outros e tentar tirar proveitos do que possam ter de bom e alertar para o que tem de menos bom e conseguir com isso assegurar os direitos homem, não pela força militar mas sim pela força da razão.

PS: Unipolaridade - Sistema marcado por um polo dominante.

Mura disse...

Acredito que ninguem se queira associar a uns E.U.A. ''comandados'' por uma besta quadradada, para não dizer donkey como o chávez, que da pelo nome de G. W. Bush.
Ainda bem, porque os paises da America Latina tinham mais a ganhar se perdessem o orgulho e se considerassem americanos, que e o que realmente são, e neste caso a Europa ia ter ''competição'' a sério!!
Mas ainda bem que eles são burros, ditadores, orgulhosos e não suportam o Bush como nós....
Mas atenção que o Brasil e a sua economia já tão a abrir os olhos...e outros podem vir a seguir...